"09.07.2007 - 18h56 Mariana Oliveira

Onze anos de prisão. Foi esta a pena aplicada por um colectivo de juízes do Tribunal São João Novo, no Porto, a Daniel Ferreira, um jovem de 21 anos que matou um dos trolhas que atirou um piropo à sua namorada.

Depois de ouvir a sentença, o rapaz, que está em prisão preventiva, sorriu. No fim da leitura levantou o polegar em sinal de agrado, dirigindo-se aos vários amigos que assistiam à audiência. Quem não gostou da pena foi a mãe de Paulo Sousa, o trolha assassinado, que à saída repetia que não foi feita justiça.

O Ministério Público, que acusou o jovem de homicídio qualificado, o que implicaria uma pena entre os 12 e os 25 anos, recusou-se a adiantar se vai recorrer da sentença. A advogada de defesa, por seu lado, mostrou-se satisfeita e afirmou que não vai pedir a revisão da pena.

Os juízes condenaram Daniel Ferreira por homicídio simples, rejeitando a tese defendida pelo Ministério Público que sustentava a especial censurabilidade da conduta do jovem, devido ao motivo fútil do crime. Na sentença o colectivo considerou, contudo, que “o motivo da facada não foi meramente o piropo, mas também o conflito que se seguiu”. “Se a vítima não contribuiu para o desfecho, também não fez nada para o evitar”, avaliou o colectivo.

Foi dado como provado que em Maio do ano passado, Daniel Ferreira passava numa rua do Porto, perto do Marquês, quando um grupo de trolhas atirou um piropo à sua namorada. O colectivo não apurou a terminologia exacta do que foi dito, mas considerou que terá sido similar a “linda menina, papava-te toda”. O jovem, que possui já vários roubos e furtos no cadastro, não gostou e ripostou. “Queres uns óculos?”,ameaçou. Os trolhas não se calaram e perguntaram-lhe o que queria. O rapaz pegou num pedaço de madeira enquanto continuava o despique de insultos. Entretanto, entrou no restaurante Solar do Marquês, onde pegou numa faca, com 24 centímetros de lâmina, que espetou na barriga do trolha falecido. A arma atingiu os pulmões do homem, dando igualmente origem a uma hemorragia interna.

Sérgio Bernardino acusado do crime de favorecimento pessoal por ter encoberto Daniel, de quem era amigo, foi condenado a um ano de prisão, suspenso por dois anos. O tribunal deu como provado que este arguido, que trabalhava no Solar do Marquês, lavou a arma do crime e a guardou junto dos restantes talheres, tendo igualmente mentido à polícia dizendo que não sabia nada do que se tinha passado. Já fora da sala de audiência, os amigos de Daniel Ferreira gritavam. “Estás em grande” e “Cinco anos e estás cá fora”, ecoaram nos claustros
do tribunal."


Fonte : Público


Salientado a negrito por mim, as passagens que me deixaram mais estupefacto.

Digam-me uma coisa... será que o colectivo disse mesmo isto :

“Se a vítima não contribuiu para o desfecho, também não fez nada para o evitar”


Na minha opinião que digam que o rapaz contribuiu para a rixa entre eles tudo bem, mas dizer que nada fez para evitar o desfecho, que foi a morte, é um pouco estranho!?!? E os comentários finais são simplesmente deploráveis.